terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cuidado, ela está à procura!



Ai essa tal de imaturidade, tantas vezes a deixei entrar, mas hoje já sem um pingo de saudade, quando ela à porta bate, finjo não ouvir e a deixo ir, para a outro trouxa enganar!

By: Day Luizy.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Outros ângulos!

Ela ainda o via e ouvia, pensava em música, luz, noites e dias!
Tudo a fazia ver o que não queria!
Ele não voltava!
Via o amor que fora forte, mas que em leito de morte se esvaíra!
Lia e reli a si mesma, mas poucas vezes se compreendia!
Por que te enfraqueceste se tu te achavas tão forte?
Já em dilema perguntava a si mesma a pobre Moema!
Por que temes aos furtivos olhares dos outros se não te fazem companhia?
Não sabes nem sequer deixar a quem te maltrata!
Saberás tú amar a quem te amas?
Pobre menina, vasculhava em madrugadas mil a saber como vão os outros, não dormia, não comia, só se preocupa!
É quase uma santa!
Era como se reportavam a ela os mais velhos da cidade!
Que isso, de santa essa aí não tem nada!
Diziam as fofoqueiras!
Enquanto eu, sobre ela, até mesmo pouco pensava, preocupava-me muito mais com meus afazeres diários, a pesar de falar com ela com certa frequência!
Ative-me a pensar mais nela, desde o fatídico dia em que chegou-lhe aquela carta, a qual fez com que Moema quisse martar-se!
Enquanto falavam dela passei a pensar:
Mas sabe ela doar-se, a pesar de que amava a um tal que nem mesmo sabia amar-se!
Ai que doce menina, ocupava-se da dor alheia e sabia com belas palavras tornar a vida dos outros menos dura, enquanto a sua própria sucumbia em arduras!
Lembro-me como fosse hoje o tal día em que iniciou o turbilhão de amarguras!
Disse eu tão tola e animada, frases tão entusiasmadas que jamais deveria tê-las dito!
Vejam o desatre, mirem o que eu disse:
Veja Moema lá vem Dona Jacinta, quem sabe diz a ti uma boa novidade!
Quem sabe mata essa tua saudade!
Veja Moema trousse para ti uma carta!
Leia, deve ser boa coisa!
Se não lês leio eu, já que a curiosidade me mata!
Pára Moema, tu sempres sofres antes da hora, ele não vai dizer que não volta, vai dizer que quer se casar contigo, quer ver!
Olhando-me com agonia mandou-me que lesse a carta, já que lhe faltava coragem!
Veja Moema, ai meu Deus!
Ao ler a primeira linha já quis eu rasgar aquela carta e evitar o sofrimento que cairia sobre o coração de tão doce menina!
Em agonias já não queria ler mais nada, disfarcei o espanto ao ler, já na primera linha, a frase fatídica:
Adeus Moema, vou casar-me com Zumira, ela sim é mulher de verdade, sabe mexer as cadeiras, rebola com qualidade, diferente de tu, que te vestes como beata, resolve o problema de todos da praça e te preocupas com o que pensaria cada um dos habitantes de nossas cidade, se soubessem que tentei sequer beijar-te, és uma tola menina!
Em um breve instante, lamentei que não houvesse fogo perto de mim, que maravilha seria, jogaria lá tão infernal carta, e ao menos o coração dela ainda bateria!
Sem saída, indaguei constrangida e já sem cores:
Quem sabe seja melhor deixar essa coisa de carta para lá mesmo minha querida?
Inda bem que dona Jacinta já havia seguido seu rumo, era menos uma para delatar a tragédia fatídica!
Ai meu Deus queres que eu leia em voz alta Moema?
Deixa disso, não há nada para te alegrar aqui, sinto muito!
Não insistas Moema, deixe que eu rasgue essa sandice!
Deixe essa carta para lá!
Enquando eu me fastava dela furtivamente, tentando evitar o desatino, Moema, aflita, tomou-me a carta das mãos como uma ventania leva ao longe as folhas caídas das árvores!
Inda tive tempo de indagar, temerosa:
Não, não leias!
Então eu disse o que tinha lá!
Ele foi embora Moema, para casar-se com outra, de certo uma das quengas do bordéu da cidade vizinha, dessas que se jogam em cima dos homens das mulheres de boa família, mas também ele minha querida, de certo não te merecia, deixe para lá, por esses não vale apena nem chorar!
Olhou-me já em prantros, com aqueles olhos de anjo que tem as asas cortadas em pleno vôo, isso ocorreu ao ler o relato que ele fazia do modo como se vestia!
Sem chão eu apenas dizia!
Não chores Moema, tu logo outro ás de arranjar!
Que pena da tal menina, chorou por meses a fio, pouco comia e dormia, não queria falar com ninguém, tão pouxco dar concelhos à revelia!
Até que um dia, convencida por seus pais viajou para a cidade grande, foi morar com sua tia!
Viajou como menina e voltou uma mulher, assim requebrante e dislumbrante, como o tal vagabundo queria.
Para meu espanto e deslumbre!
Ao voltar Moema, voltou também o tolo que a maltratára, tomou um chute, e ganhou adereço nos cornos, voltando de chapéu baixou tornou a morar em sua antiga casa!
Passando então o tolo a vê-la passar requebrante e segura, sendo ela agora, a mais linda das moças da cidade, aquela qual ele rechaçara!
Fez ele sentir-se um nada!
E ela que com já não se importava, encontrou em outros braços o calor que queria!
Seus romances a fizeram renomada!
E como já não se importava com o modo como os falodores da cidade se reportavam a ela, passou de santa, a de fato santa que nada, e virou mulher revoltada!
Agora era Moema:
De boa moça a boa bisca, uma grande depravada!
Ai Moema, como mudas-te minha cara!
Tudo culpa do tal Zé ninguém que tanto a desprezara!

By: Day Luizy.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

céu e mar




Sentada na areia da praia, queria apenas poder ter tempo de percorrer toda a orla, ver aquele farol de perto!
Ai aquele entardecer!
Causava-lhe a nítida sensação de que no mundo nada mais havia, além dela mesma, o céu, aquele era o seu céu e o entardecer, o mar, tudo lhe pertencia, tomada por um pensamento egoísta, egocentríntico, porém necessário, era aquele o seu momento, seus poucos segundos para se sentir única, especial e amada, visto que ninguém jamais a amaria tanto, quanto ela mesma!
Não queria ouvir gritos, acusações, nem mesmo ordens, que abarcassem sentimentos que lhe remetessem sensações, como fosse ela a empregadinha do mundo!
Mas o dever chamava!
Olhava a seu redor e via as nuvens se misturando com a imensidão do mar, como fosse um milagre e não apenas um ilusão de ótica, pensava em tudo de bom que poderia fazer se não estivesse ali a trabalho, então compromete-se a trabalhar ainda mais duro, e então um dia poder ver-se livre, para ir e vir, sem ter que se submetar à escravidão das horas!

by: Day Luizy